Nas últimas semanas o Governo de Mato Grosso investiu pesado no combate ao crime organizado e às facções criminosas que atuam em nosso território. Somos completamente a favor da Operação Tolerância Zero, pois se é para combater o crime, toda ajuda é bem-vinda.
Mas isto denota também que a Polícia Penal não está tendo o devido investimento para cumprir sua Missão. Está sendo necessário trazer ajuda externa. E isto não é saudável para as Instituições. Elas precisam de ter o mínimo de autonomia.
Temos feito a nossa parte para combater as facções criminosas e o crime organizado dentro das unidades penais, e inclusive cortando na própria carne.
Não nos importamos que as “maçãs podres” sejam retiradas do nosso meio. Que sejam punidos quem estiver se corrompendo.
Mas que fique bem claro que a ampla maioria dos servidores dessa carreira, são pais e mães de famílias, pessoas honestas e dedicadas na profissão. Que precisam ser valorizadas, estimuladas e motivadas. E que pessoas com desvio de conduta existe em qualquer lugar, seja no executivo, no legislativo ou no judiciário.
Objetos ilícitos não entram com conivência dos servidores, o crime organizado utiliza principalmente de outros meios para adentrar nas unidades. Entram com auxílio de drones, são lançados por cima das muralhas e subtraídos pelos presos que trabalham no interior das unidades, entram por veículos que levam insumos e por pessoas que adentram as unidades com outras finalidades.
Precisamos que o Estado faça o devido investimento na Polícia Penal e no sistema prisional, para auxiliar no combate a estes crimes, pois volto a dizer, a esmagadora maioria de servidores desta área são pessoas comprometidas e honestas, que lutaram muito para ocupar a função que hoje exerce.
Há muito tempo relatamos o problema do baixo efetivo e da aparelhagem da polícia penal. É urgente a necessidade e aumentar o efetivo, e que aumente o número de viaturas e equipamentos necessários para fazer o policiamento pelos Policiais Penais ao redor das unidades, uma forma de combater a entrada de objetos ilícitos por drones e o lançamento por cima das muralhas feito por criminosos que transitam pelo lado de fora.
É preciso mudar a estrutura da unidade, que separe os reeducandos que trabalham dos demais. Isso poderia ser resolvido com a instalação de muralhas internas para evitar contato com outros reeducandos.
Que se forneça equipamentos de revista para veículos que adentram as unidades penais. Especialmente os veículos grandes.
Que se fortaleça o Serviço de Inteligência da Polícia Penal, pois isto vai ajudar e muito a evitar que novos crimes ocorram, principalmente aqueles arquitetados dentro das celas.
Que se crie a Corregedoria da Polícia Penal para apurar os casos de desvio de conduta e uma vez comprovado, punir se necessário.
Que se crie a Lei de Carreira da Polícia Penal do Estado de Mato Grosso. Pois com um estatuto prevendo deveres obrigações e direitos que possam motivar esses servidores, com certeza teremos mais eficácia no combate ao crime.
A Operação Tolerância Zero, deixa uma outra coisa bem evidente, que existe um combate ferrenho, angustiante, estressante, contínuo, que ocorre contra as facções criminosas e o crime organizado, e este combate ocorre lá na ponta, onde a Polícia Penal atua. Se não houver investimento nesta Instituição e para estes profissionais, dificilmente venceremos essa batalha.
Amaury Neves é policial penal e presidente do Sindicato dos Policiais Penais do Estado de Mato Grosso