Segundo estudos realizados pelo escritor italiano Roberto Saviano, autor do best-seller “Gomorra” e “ZeroZeroZero”, na crise mundial de 2008, vários países se aproveitaram do dinheiro do tráfico de drogas pra não ir a falência. Ainda segundo o autor, metade da população de alguns países da américa fazem uso da cocaína. Artistas, políticos, estudantes, além de profissionais de diversas áreas fazem uso da droga por vários motivos, uns para se manter atentos, outros para ganhar coragem, já outros para fugir da realidade.
Com isso, apesar de comércio ilegal, a realidade é que a droga movimenta verdadeira fortuna, chegando ao ponto de ser apontada como principal causa dos governos como o da Bolívia, Paraguai, Uruguai, México, entre outros, a não investem em politicas concretas no combate ao tráfico de drogas.
No brasil, facções como o PCC (Primeiro Comando da Capital) chega a movimentar somente em São Paulo, mais de 5 milhões em apenas um mês, conforme dados divulgados pela secretaria de Segurança Pública daquele Estado.
Em mato grosso a operação Grená, realizada pela Policia Civil e inteligência do sistema penitenciário do Estado no ano de 2014, mapearam e identificaram mais de 450 membros batizados no comando vermelho que agiam aqui no Estado, tendo como principal líder o já famoso Sandro da Silva Rabelo, o “Sando loco”, Miro Arcanjo e Renildo Nascimento, com isso surgem entre os jovens adeptos ao “vida louca”, os heróis as avessas. Criminosos que têm se tornado modelos de sucesso no mundo do crime.
Com investimento gigantesco na repressão externa e uma ausência total na politica voltada para aqueles que já estão no cárcere, o governo de Mato Grosso patina e passa atestado de incompetência, pois cresce o número de usuários egressos do sistema penitenciário na mesma proporção em que crescem os números de encarcerados nas unidades penais do Estado.
Somente em uma unidade, na Penitenciária Central do Estado (PCE), no ano 2015, foram apreendidos pelos agentes penitenciários durante operações o equivalente a 65 mil trouxinhas de drogas, que dividas entre os mais de 2 mil presos dá para se sustentar o equivalente a um mês de uso dos usuários dentro da unidade, ficando assim, a certeza de que cada uma porção apreendida pelos servidores, umas e outra são consumidas dentro da unidade. Com isso movimenta-se uma verdadeira fortuna através do tráfico dentro do sistema penitenciário.
Com uma população de mais de 11.500 presos, o sistema penitenciário pena por falta de pulso e pela ineficiência nas politicas de repressão, já que os agentes são obrigados por força de uma portaria fazer de conta que não veem a droga entrar.
Com a prisão de todos os lideres das facções criminosas de Mato Grosso e por falta de competência por parte dos gestores da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) em gerir o sistema penitenciário, há apenas a transferência da parte de planejamento do tráfico de drogas das ruas para as celas das unidades penais, pois a facilidade de entrar drogas e celulares no sistema penitenciário, graças a portaria 02, é imensa e isso ajuda a perpetrar o tráfico, endeusando assim, os traficantes que lá dentro estão, e que passam a ser ícones para os jovens encarcerados, que ao invés de serem recuperados e devolvidos para a sociedade, passam a ter como exemplos, os Sandros loucos da vida.
Como se o tráfico de drogas no sistema penitenciário não fosse um agravamento aos inúmeros casos de dependências químicas que temos aqui no seio da sociedade, a Sejudh divulgou na última semana que irá investir mais de 5 milhões no tratamento de dependentes de drogas, a questão que permeia é porque não investir todo esse recurso para evitar a entrada de drogas no sistema penitenciário , impedindo que esses indivíduos cheguem ao patamar de usuários. É razoável desperdiçar o recurso público ou é porque a repressão do sistema não dá mídia positiva???
João Batista Pereira de Souza
Presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado de Mato Grosso/Sindspen-MT