Organizados na cadeia

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Grande parte dos roubos e mortes ocorridos na Grande Cuiabá tem ligação com o crime organizado dentro de presídios. Segundo o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Mato Grosso (Sindspen), João Batista Pereira, na Penitenciária Central do Estado estaria a maior concentração de organizações criminosas. A situação piora cada vez mais porque, segundo Batista, os líderes das facções estão “adotando” pessoas de fora do sistema. O “apadrinhamento” não sai barato e quem é recrutado tem que cometer crimes como roubos para pagar a dívida com a facção. Assim, o ciclo da violência vai aumentando cada vez mais.

A ordem de matar, como a do empresário Renato Cury, de 44 anos, em Várzea Grande, pode ter partido de dentro do presídio, segundo linha de investigação da Polícia Civil. L.P.S, que foi preso por latrocínio e agora está em liberdade, conta que, quando se associa a uma facção dentro do presídio, a regra é gerar dinheiro e muitas vezes através de golpes.

Foi o que aconteceu com Helena Benedita da Silva. Ela conta que um dia recebeu uma ligação de um homem dizendo que era um tio dela. Como não o via há muito tempo, Helena conversou com o rapaz, que alegou que o carro dele estava quebrado e precisava de dinheiro para consertar. Helena chegou a fazer duas recargas em um número de celular e por pouco não fez um depósito de R$ 2 mil.

Para o Sindspen, o que acaba impedindo as investigações e o controle das organizações criminosas é a falta de investimento em equipamentos tecnológicos. “A dificuldade de adquirir os equipamentos não é de questão financeira, o problema é de gestão. Precisamos da aquisição de scanner corporal e principalmente um local separado para esses reeducandos”, avaliou.

 

A Secretaria de Estado e Segurança Pública, por meio de portaria, instituiu uma câmara temática de enfrentamento ao crime organizado. O objetivo segundo o então secretário de Segurança Pública, Fábio Silvestre Galindo, que assinou a portaria, é acompanhar e conhecer os fenômenos criminosos.

Para Galindo, os presídios são locais sensíveis e potenciais alvos da criminalidade. “Em relação aos presídios, trata-se de um espaço onde está concentrada uma população que participou da vida criminosa no Estado e por isso precisamos conhecer quais são as articulações internas”, afirmou.

A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos disse que ainda não há prazo para a aquisição do bloqueador de celular. Mas afirmou que é necessário que o modelo atenda às exigências e particularidades do sistema. Quanto à entrada de materiais nas unidades penitenciárias, principalmente de celulares, a secretaria alega que é feita via visitantes, mas que grande parte do material ilícito é interceptada. A secretaria garantiu ainda que, semanalmente, realiza operações nas 57 unidades penais e que, sempre que julga necessário, a direção da unidade faz operações para coibir a entrada de materiais ilícitos. 

 

Fonte: Diário de Cuiabá/ Aline Almeida