Há 20 anos no sistema penitenciário em Mato Grosso, a policial penal Adriana Silva Duarte Quinteiro já enfrentou muitos desafios. Desde o preconceito por ser mulher até mesmo os riscos da profissão. Mas, uma coisa ela percebeu nas duas décadas de carreira, as condições de trabalho e o próprio trabalho da categoria melhoraram muito. Tudo isso, graças às lutas coletivas dos servidores do sistema penitenciário. “Qual era nossa função no sistema? Hoje podemos dizer que somos policiais penais”.
Ela é diretora na Cadeia Feminina de Nortelândia (235 km a médio-norte de Cuiabá), mas para chegar até esse cargo, precisou se impor e lutar contra o preconceito. “Há 20 anos, nós, mulheres, não erámos reconhecidas como agentes carcerários [nome do cargo na época]. Muitos acreditavam que essa função era exclusiva para os homens. Com o passar do tempo os concursos foram abrindo e várias mulheres entraram no sistema e hoje são destaque”.
Ela lembra que quando assumiu o concurso, a única função dos servidores era “abrir bigorna”. Não existia capacitação e nem mesmo

cursos para que os profissionais pudessem oferecer um trabalho especializado dentro das unidades penitenciárias. Nesse avanço, Adriana vê como fundamental a atuação do Sindicato dos Servidores Penitenciários de Mato Grosso (Sindspen).
“O nosso Sindicato teve papel crucial na evolução da nossa profissão. Buscou a criação da Escola Penitenciária, que é o pilar na capacitação dos nossos servidores. Hoje temos várias atribuições, além de abrir e fechar bigorna”, enfatiza.
Para Adriana, a capacitação permitiu a descoberta de “vários talentos no sistema penitenciário” e valorizou pessoas “que queriam transformar o sistema” para melhor. A capacitação fez parte de um processo em que os servidores passaram a ter o trabalho reconhecido perante a sociedade.
“Tivemos a capacitação, foi criado o Estatuto do Servidor e o nosso tão sonhado Plano de Carreira, Cargos e Salários. Tudo foi fortalecendo a busca pela identidade no sistema penitenciário. Qual era nossa função no sistema? Hoje podemos dizer que somos policiais penais”, comemora a servidora.