É possível apontar onde se inicia a corrupção? Porque se transformou em algo tão corriqueiro em nosso país? A resposta para tais questionamentos não é bonita e nem digna de orgulho. Sem hipocrisia aqui!
A verdade é que somos todos corruptos e corruptores em diversos aspectos do nosso cotidiano. Quando uma pessoa leva vantagem e outra sai perdendo é anuncio de que algo não está correto. O erro reside no fato que todos nós nos acostumamos com isso. Por diversas vezes praticamos deslizes no dia a dia que podem ser facilmente considerados matizes da corrupção, ex: Deixar um amigo entrar na sua frente na fila do ônibus. E se a fila do ônibus fosse a fila de doação de rim e você tivesse a oportunidade de colocar alguém na frente. E se você fosse a pessoa que está atrás na fila, dependendo de um rim pra sobreviver? Será que levar vantagem sobre os outros só é errado quando a vantagem obtida é grande? O Direito penal não pune o mau costume que muitas vezes temos em nossas relações com as pessoas.
Que fique claro que a corrupção não é algo que nasce no meio governamental, e sim, algo gerado socialmente, no trato com os demais membros da família e da sociedade, e que se estende às esferas de governo, por ter se tornado hábito e, aí sim, é punida. Observem que em nosso dia a dia, em nossas relações com os demais membros da sociedade, no trato familiar, etc, não há proibição em “solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem” ou “Oferecer ou prometer vantagem indevida” a uma pessoa comum. Isto é um reconhecimento, mesmo que implícito, que a corrupção é um fato social e humano, e como tal, a estamos praticando constantemente sem que nossa consciência crítica nos alerte. A corrupção nos empreita a todo o momento, o que requer de nós certo zelo e cuidado, pois podemos sem mesmo perceber, entrar para o rol daqueles que tanto condenamos.
A transformação que nós queremos ver no mundo deve começar dentro de nós. Pensem Nisso!
Assessoria Sindspen/MT
Fabricia Barros de Paiva é advogada especialista em ciências criminais.