Nos despedimos de um guerreiro do SISPEN covardemente assassinado pelo CRIME ORGANIZADO;
Hoje sentiremos a incapacidade de nada poder fazer diante da dor que dilacera o coração de uma mãe, que nunca mais fará a comida preferida do filho, que não mais sentirá a alegria de sua chegada, nunca mais…;
Hoje ficaremos desolados de ver uma criança que não conhecerá seu pai, que tanto o amava, a criança que ele como bom pai sonhava ver os primeiros passos, que o encantaria ao emitir o som das primeiras palavras, filho o qual ele vibraria ao ver jogar bola, que o emocionaria quando o fosse levar em seu primeiro dia na escola, mas não… Eles não viverão isso; Hoje estaremos atônitos diante de um vazio desolador, perante um sentimento de incapacidade de companheiros que não mais terão a alegre companhia de um amigo, a segurança de um profissional aguerrido, dedicado, que cumpria sua função com honradez, no qual poderiam sempre contar e confiar, ele não estará mais lá, não poderá mais somar;
Tudo porque HOJE… Ele se foi; se foi diante de uma tragédia anunciada, esperada, tragédia essa que nos sabemos ronda, nos espreita, ela que está ali sempre próxima, que é nosso carma, algo que adquirimos ao assumir essa função a qual ninguém nunca sonha ou deseja quando criança, tragédia que um dia poderá nos atingir como se fosse um prêmio de uma negra loteria, algo maldito o qual nós do SISTEMA PRISIONAL estamos sujeitos a cada hora, minuto e segundo de nossas vidas.
HOJE estaremos revoltados, pois sabemos que para os que governam não temos a mínima importância;
Hoje estaremos com raiva por saber que o caos na segurança pública tem suas raízes nas mazelas e na desestrutura do cárcere e que isso não é suficiente pra que eles tomem alguma iniciativa; Hoje estaremos magoados por sermos tratados apenas como um número, por termos a sensação de que para os que estão em seus carros blindados, indo a seus condomínios, protegidos por seus seguranças somos descartáveis, somos nada.. Nada como nosso colega; para estes somos substituíveis, se adoecemos ou se morremos é só chamar o próximo na lista de aprovados e pronto…Para eles não existimos.
Hoje ficaremos frustrados por sabermos que enxugamos gelo, que nosso trabalho dada a falta de investimento e planejamento superior não trás resultados; Hoje nos abateremos por saber que os monstros que causaram tanta crueldade, que destruíram não só a vida de Douglas, mas de toda sua família e amigos próximos, estão sendo tratados como heróis, festejados e parabenizados como matadores de “polícia” pelos seus iguais do lado negro;
Hoje nos frustraremos muito ao ver que a lei os protegem e em uma inacreditável inversão de valores eles serão considerados vítimas por nosso sistema judicial, que os tratará como crianças ingênuas e vítimas da sociedade que aterrorizam, justiça que diz que estes seres sanguinários que em muitos casos já perderam sua humanidade, precisam ser protegidas e mimadas; Hoje nos revoltaremos ao saber que logo abriremos os portões e os veremos sair impunes, zombando de tudo isso, prontos pra logo matar outros pais de famílias, outros filhos, outros irmãos, fazer outras viúvas; tudo isso por serem filhos do país onde a vida humana está sendo desconsiderada pelas frágeis e brandas leis.
Mesmo assim amanhã deixaremos nossos lares, nos despediremos de nossas famílias sem a certeza da volta, nos vestiremos de negro e estaremos lá vigiando a “Caixa de Pandora”, onde os males do CV, PCC e outros encontram se contidos e renegados pelo governo esse mal que se nada for feito logo dominará a nação, logo será tarde demais.
Amanhã nos vestiremos de força e veremos o mal que a sociedade não ver de frente, face a face, olho no olho…
Esse é nosso trabalho e o encaramos com coragem.